Jaci é pescador aposentado e faz hemodiálise na unidade de Balneário Camboriú.
Jaci Estelito Conceição é viúvo e tem 62 anos. Em 9 de maio de 2019 completa 30 anos de hemodiálise. Ele mora em Bombinhas (SC) e é pescador aposentado. Tem quatro filhos e cinco netinhos. Duas filhas são professoras e os dois homens trabalham na construção civil. Jaci descobriu a doença renal a partir de exames para tratar de um problema ósseo no calcanhar.
Na época em que diagnosticou a doença, Jaci estava com 32 anos e com quatro filhos para criar. O mais novo tinha apenas um ano e o mais velho 11. Ele Teve que parar de trabalhar e a mulher, Zenita, assumiu a maior parte do sustento da casa. Ela foi contratada para ser cozinheira em um restaurante da cidade, enquanto Jaci passou a receber auxílio doença, por conta da insuficiência renal.
Iniciou o tratamento em Curitiba e atualmente faz hemodiálise na Fundação Pró-Rim, unidade de Balneário Camboriú. Em 2016 a doença se agravou e ele teve que amputar três dedos da mão direita, em razão de intensas dores. Chegou a entrar na lista para o transplante de rim, mas as precárias condições da estrutura óssea não permitiram. “Quero agradecer a toda a equipe da Fundação Pró-Rim pelo atendimento que recebo e dizer que estou sendo muito bem tratado, com muita dedicação de todos”.
A mulher morreu em 2016, vítima de câncer, diagnosticado em 2005. Foram casados por 38 anos. “Ela foi tudo na minha vida. preparava a minha comida, dava banho em mim, controlava os horários dos remédios, me levava para a hemodiálise e, surpreendentemente, acabou morrendo antes. Foi a minha maior perda. A vida, que não era nada boa, ficou muito mais difícil sem ela”, lamenta Jaci.
Para ele, a maior dificuldade provocada pela doença renal foi quanto à alimentação. Garante que perdeu o apetite e o paladar ficou muito reduzido. “É difícil comer todos os dias sem ter fome e nem sentir o gosto da comida”, lamenta. Ele manda recado para os pacientes que fazem hemodiálise: “Embora todas as dificuldades, a melhor receita ainda é exercer a paciência e aderir ao tratamento, senão acaba entrando em desespero, o que não resolve nada”, ensina.
Define a família como o grande suporte da sua vida. “Eles me conheceram como eu era antes da doença e como estou hoje”. Jaci continua morando na casa em que viveu com a mulher, mas a cada dois meses uma filha faz o rodízio e vai de mudança, junto com o marido e os filhos, para cuidar do pai. “Para mim é melhor essa adaptação. Não altera tanto a minha rotina. Estou muito debilitado e com pouca mobilidade. Não sei o que faria sem a minha família” explica o paciente renal.
O que não conseguiu realizar? “Sempre fui muito simples. Nunca tive grandes ambições. Gostaria de ter montado uma peixaria ou um restaurante de frutos do mar. Mas, naquela época a vida não me permitiu. Não tenho mais projetos importantes. O que eu preciso agora é administrar os meus dias, sem dor, controlar a doença e ter a família por perto. Tudo o que eu mais quero neste momento é continuar vendo a união da família como a minha maior conquista”, conclui o ex-pescador.
Setor de Comunicação
09/05/2019
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