A constipação intestinal é frequentemente encontrada em pacientes renais crônicos em fase dialítica. O problema não é fatal, porém direta ou indiretamente leva a outras complicações como fecaloma, dilatação ou obstrução intestinal, diverticulite, hemorroidas, fístula anal e câncer de cólon. Somente o desconforto provocado pela obstipação já é um fator negativo importante à qualidade de vida dos pacientes.
A constipação é multifatorial, com muitos mecanismos fisiopatológicos complexos envolvidos. Além das causas comuns à população em geral, os pacientes em hemodiálise costumam ter uma baixa ingestão de grupos alimentares ricos em fibras alimentares para evitar hipercalemia, baixa ingestão de líquidos para diminuir o risco de sobrecarga de líquidos e são sedentários. Além disso, eles geralmente usam medicamentos que induzem constipação, como quelantes de fósforo, possuem idade avançada e comorbidades.
Embora não exista uma recomendação dietética específica para o manejo da constipação intestinal funcional na população em diálise, as diretrizes da Organização Mundial de Gastroenterologia (2013) sugerem, para indivíduos saudáveis, que o tratamento de primeira linha deva ser baseado em modificações comportamentais, que incluem aumento na ingestão de fibras (em média 25g/dia), adequação da ingestão hídrica (1.5–2.0 l/dia) e atividade física regular. Porém, conforme descrito essas práticas têm aplicabilidade limitada nos pacientes em hemodiálise.
Na prática clínica, a orientação nutricional é individualizada, mas é baseada no aumento do consumo de fibras, dando preferência as frutas e verduras pobres em potássio, adequação do consumo hídrico, uso de óleo mineral ou azeite de oliva diariamente e a prática de exercício físico regular quanto possível, conforme avaliação médica.
Fontes:
ANZUATEGUI, et al. Prevalência de Obstipação Intestinal em Pacientes em Diálise Crônica. J Bras Nefrol. 30(2): 137-43, 2008.
HUNT, et al. Manejo dos sintomas comuns de doenças gastrointestinais na comunidade Perspectiva mundial sobre azia, constição, distensão e dor/ desconforto abdominal. World Gastroenterology Organisation, 2013.
Saglimbene VM, Wong G, Ruospo M, et al. Fruit and Vegetable Intake and Mortality in Adults undergoing Maintenance Hemodialysis. Clin J Am Soc Nephrol. 2019;14(2):250-260.
WALD, et al. A multinational survey of prevalence and patterns of laxative use among adults with self-defined constipation. Aliment Pharmacol Ther. 2008; 28: 917–930
Yasuda G, Shibata K, Takizawa T, et al. Prevalence of constipation in continuous ambulatory peritoneal dialysis patients and comparison with hemodialysis patients. Am J Kidney Dis. 2002;39(6):1292-1299.
Por Rafaela Gonzaga dos Santos
Nutricionista da Unidade Jaraguá do Sul (SC)
Necessary cookies are absolutely essential for the website to function properly. This category only includes cookies that ensures basic functionalities and security features of the website. These cookies do not store any personal information.
Any cookies that may not be particularly necessary for the website to function and is used specifically to collect user personal data via analytics, ads, other embedded contents are termed as non-necessary cookies. It is mandatory to procure user consent prior to running these cookies on your website.